..deste mundo... e dos outros. Armado com os meus óculos de míope adoro observar o que se passa à minha volta, quer as pessoas que conheço, quer perfeitos estranhos. Todos temos a nossa visão do que nos rodeia, "somos a soma das nossas experiências". Acrescento: "e das que partilhamos".

sexta-feira, novembro 05, 2010

Os mercados...

Começo a ficar ligeiramente irritados com esta treta dos mercados... E não estou a falar do Mercado da Ribeira, ou o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa, ou algo parecido...
Estou a falar de algo imaterial que agora é usado para desculpar/responsabilizar/justificar/explicar tudo o que se passa ao nível local, regional, nacional ou mundial!
Se chove os mercados ressentem-se, se faz sol os mercados desconfiam, se está tudo bem os mercados desvalorizam, se está tudo mal os mercados reagem. Mas quem são os mercados, quem são as entidades por detrás dos mercados? E não acredito que não haja ninguém que não esteja a intervir nesta folia que são os mercados e o que representam. Provavelmente estamos a falar dos mesmos responsáveis que nos levaram a este turbilhão de consequências e sequelas retiradas de filmes de terror tipo série B.
Qualquer dia estou a ver o boletim meteorológico a fazer previsões de chuva ou vento mas sempre na dependência de como os mercados vão reagir. Ou então alguns governantes a estarem a tomar decisões importantes para o país (é raro mas acontece) e e fazerem-no numa cave escondida (e não na sala de estar de algum ex-ministro) com medo das escutas dos mercados...
Acho que a presente crise (ou conjunto de várias crises estruturais e estruturantes a que chamamos crise) deveria ter contribuído para avaliar e definir claramente quais os impactos e os papéis que certas instutuições, mais ou menos materializáveis, têm na vidas dos países e das pessoas.
Se é certo que a tomada de consciência da crise e das medidas necessárias para a debelar é fundamental para que uma nação acorde da histeria dos últimos anos (e não é um despertar calmo, mas sim abrupto), também é certo que isso não aplaca a ira e a voracidade de muitos agiotas (institucionais ou não) no que se refere ao crescimento do preço do dinheiro que estão dispostos a cobrar... O doente está ferido, embora lá espetar mais uma série de virus e bactérias para depois surgirmos como os salvadores e sermos deificados no altar do capitalismo puro (nota prévia, não vejam aqui qualquer conotação politica ou ideológica, apenas observatória).
Quem são os "mercados", ou as "empresas de rating" para duvidar da capacidade de um povo de honrar os seus compromissos? Quem são eles para duvidar da capacidade de mais de 10 milhões de pessoas de conseguir algo...?
Não são estes milhões que se enganaram nas previsões e nos impactos da crise! Não são estes milhões que definem o preço dos combustíveis mas que o pagam! Não são estes milhões que vivem em gabinetes espelhados e olham para o mundo através de folhas de cálculo e probabilidades matemáticas! São estes milhões que olham para a ameaça dos mercados com desdém e dizem: Não sei quem são mas certamente não pagam os meus impostos ou a minha prestação da casa ou a mensalidade do colégio!
Chega das ameaças dos mercados e dos fantasmas de FMI's e afins. Portugal já era há 800 anos e será por muitos mais! Apanhem esses especuladores nas suas altas torres e especulem sobre a sua existência. Estes é que são os verdadeiros terroristas do Século XXI!

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1 Comments:

Anonymous Miguel Truninger Sousa said...

Olá Jorge, só hoje é que "Descobri" que tens um blogue. Peço desculpa ter estado desatento.
Bem...vou deixar o meu humilde comentário à tua observação.
Concordo em tudo o que referiste. Há só um pequeno grande problema...
São os "interesses instalados" esse interesses já não são do âmbito nacional, mas sim já vão muito para além do facto de saber ou não que Portugal é capaz de cumprir com os seu compromissos. Já não interessa aos "mercados" saber se Portugal cumpre com o PEC estipulado. Neste momento o interesse internacional é deixar cair a "Zona Euro" para o Dollar continuar a ser a moeda mundial. Estes interesses vem desde Arábia Saudita, até à China, incluindo o próprio E.U.A. E Portugal infelizmente está no meio desta embrulhada...portou-se mal, nos compromissos em anos anteriores e agora que quer mostrar que é capaz de cumprir...a "Onda" não de 5 metros mas 50 ou de 100 já está a rebentar...é como o barquinho do "Perfect Storm" com George Cloney...o motor por mais que cumpra com o seu compromisso, já não tem capacidade para deter a grande onda e afunda-se...como se afunda a Irlanda, a Grécia, a Islândia, e posteriormente a Espanha e França...até afogar o motor da Europa a Alemanha.
E neste momento já nem acredito no FMI. O Euro vai acabar...e vai dividir a Europa. O Tratado de Lisboa vai morrer.

5/11/10 18:11

 

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